quinta-feira, 24 de abril de 2014

UPP: É A SOLUÇÃO PARA TODOS OS PROBLEMAS?

Uma coisa que choca muita é ocorrerem tumultos, assassinatos, presença ativa de traficantes e outras negatividades em comunidades onde estão instaladas as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Referindo-se ao trágico incidente em Copacabana, em que o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, foi encontrado morto numa creche da favela Pavão-Pavãozinho (Copacabana) na última terça-feira (22/04/14) e que gerou protestos e confrontos violentos no bairro, o sociólogo Ignacio Cano (coordenador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ) disse à BBC Brasil: "O que aconteceu na Pavão-Pavãozinho não é um caso isolado. O programa das UPPs foi recebido como a grande solução para o problema de segurança pública no Rio. Com o tempo, ele foi colocado no piloto automático e agora temos cada vez mais indícios de que precisa ser reavaliado" [1]

Carro incendia na revolta em Copacabana (foto: BBC Brasil)

Concordo com o sociólogo que o sistema de UPPs tem que ser reavaliado. Aliás, TUDO na vida tem que ser reavaliado. É por isso que fazemos check-ups, reciclagens, releituras, etc. Uma tônica que parece comum é que se achou que as UPPs resolveriam TODOS os problemas sociais das favelas (ou como querem os mais melindrados "comunidades"). Onde tem UPP não há mais problemas? Onde há UPP tudo se resolve? Segurança pública só se limita a presença de policiais? UPP é destinada à segurança pública, mas onde estão as unidades pacificadoras da educação, da saúde, do desemprego que são outros fatores sociais que se relacionam também à criminalidade?

A UPP não vai resolver ou mascarar esses problemas para a Copa e as Olimpíadas.

A bem da verdade, e apesar de muitas irregularidades cometidas por PMs das UPPs, vez ou outra um agente da UPP aparece fazendo papel de competência de outros órgãos que deveriam ser atuantes na comunidade. Esse foi o caso dos dois PMs da UPP da Mangueira que ajudaram a fazer o parto de uma menina no dia 19/04/14. 

Leilane Nascimento da Silva e o seu esposo, Carlos Fabiano da Silva, pediram ajuda aos soldados Lucas Costa e Marcondes Souza, que passavam pelo local,  para ajudarem no parto de sua filha. 

PMs dando uma de enfermeiros e obstetras? Eles foram conclamados pelo casal porque têm preparo e competência para isso? 

Claro que não! Eles fizeram o parto uma vez que o casal teve o o atendimento negado ao chegar ao Hospital Municipal Barata Ribeiro, também na Mangueira. Quando os PMs chegaram, Leilane já estava na calçada em frente ao hospital, em trabalho de parto. Segundo os policiais, o hospital disse que não poderia atender Leilane porque não havia nenhum médico disponível na emergência.

Ao perceberem que não daria tempo de levar a gestante para uma outro hospital, Lucas e Marcondes decidiram fazer o parto ali mesmo. Deram à sigla PM em outro sentido: Policial Médico! 

Assistam o vídeo do parto feito pelos policiais disponível na página on line do Jornal Extra: http://extra.globo.com/noticias/rio/policiais-da-upp-da-mangueira-fazem-parto-de-mulher-em-frente-hospital-12247609.html

A Secretaria Municipal de Saúde afirmou lamentou e repudiou o ocorrido, e que vai apurar o caso. E disse mais: “[o Hospital Barata Ribeiro] é uma unidade de referência para ortopedia e cirurgias plásticas, não possui emergência e não conta com médicos obstetras”. [2]

O soldado Marcondes tirou a camisa debaixo da farda para enrolar a criança
O soldado Marcondes tirou a camisa debaixo da farda para enrolar a criança Foto: Reprodução/Internet

Espere aí? Qualquer médico não teria condições de melhor conduzir o trabalho de parto do  que os PMs? E os enfermeiros?

"Já conduzi muitas parturientes para maternidades, mas nunca tinha feito um parto. Foi emocionante, sem dúvida. Ainda bem que deu tudo certo, porque não tivemos ajuda nem de um enfermeiro do hospital. O mínimo ali era um enfermeiro, né?" [3]

Isso foi negação de socorro!  A triste e horrenda verdade é que eles pensaram: "Se isso der merda, eu é que não quero sujar as minhas mãos". Sim, esse foi o tratamento dado ao casal parturiente. Quem é que vai pacificar uns canalhas desses? Quem é que vai pacificar esses médicos e enfermeiros que gostam de mamar na teta do Erário público para fazer seus plantões mirabolantes nos hospitais particulares? Temos que "pacificar" a Saúde Pública!

Ainda bem, bem que os PMS foram serem humanos que deram o seu melhor e ajudaram a salvar vidas.

As UPPs não são a solução para todos os problemas sociais. Têm que ser reavaliadas, dinamizadas e, sobretudo, valorizadas, como melhor estrutura, recursos e principalmente recursos humanos como esses dois PMs  Lucas Costa e Marcondes Souza.


NOTAS
[1] http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140423_upp_pavaozinho_jp.shtml

[2]http://extra.globo.com/noticias/rio/policiais-da-upp-da-mangueira-fazem-parto-de-mulher-em-frente-hospital-12247609.html

[3]http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/04/20/sem-atendimento-mulher-da-a-luz-na-frente-de-hospital-no-rio.htm


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